terça-feira, 31 de maio de 2016

Cultura Indígena: um patrimônio histórico

Certamente, é possível que o título desse pequeno texto tenha chamado a sua atenção, principalmente, para duas palavras: patrimônio histórico. Recentemente, comemoramos o nosso anual 19 de abril em que nos lembramos do índio com poucas roupas, pinturas no corpo, adereços com penas e o que não pode faltar, o famoso arco e flecha que é considerado o símbolo indígena.

Em outro momento conversamos sobre o patrimônio e como bem lembramos, a palavra se refere a uma herança que nos é deixada e que representa uma grande importância. Mas, esbarramos em um pequeno problema. Se o patrimônio é uma herança importante, com grande significado, o que o indígena com arco e flecha representa para a nossa atual sociedade?

Chegamos ao que você deve ter se perguntado ao ler o título deste pequeno texto: qual a contribuição do índio para o patrimônio histórico do Brasil? Não é uma pergunta fácil de ser respondida e que não é uma discussão que se esgota aqui e esse não é meu objetivo, pelo contrário, procuro gerar cada vez mais debates sobre a temática indígena e que possamos dialogar cada vez mais.

Para entender de forma mais ampla, faremos um pequeno traçado histórico sobre o entendimento do índio em diferentes contextos da história do Brasil. No final do século XIX e inicio do século XX, o indígena era visto a partir do olhar europeu, eurocêntrico e colocando o indígena em condição desfavorável, de inferioridade, submisso e que não se adequava ao trabalho.

Durante as décadas de 1960 de 1970 buscou-se incorporar os índios a cultura brasileira, porém, é retratado como vitima do processo de colonização, em que foi submetido a injustiças sobre a terra e que sua cultura foi modificada radicalmente ou caiu em um processo de “desaparecimento”, como se as comunidades perdessem sua cultura e que não poderiam mais recuperar.

Por volta da década de 1980, o índio deixa de ser entendido como vitima e passa a ser compreendido como o agente do seu processo histórico e de participação na colonização, exercendo alianças com os colonizadores ou oferecendo resistências das mais diversas maneiras como guerras ou até mesmo se convertendo ao cristianismo.

Conforme Wania Alexandrino*, a colonização das terras do Brasil** só foram possíveis devido a participação indígena, pois os mesmos foram responsáveis em proporcionar o conhecimento da terra. Com a ajuda dos índios remeiros, que ficaram encarregados de mobilizar os grupos de colonizadores através dos rios. Portanto, sem o indígena a colonização enfrentaria maiores obstáculos.

Dessa forma, vemos que o indígena foi colocado no centro da discussão como um sujeito e não apenas como vitima do processo colonial, que não exerce reações a sua condição na qual está inserido, na realidade em que está situado e sem demonstrar ações. Essas mudanças não apenas ocorreram nas visões históricas, mas também sociais a partir dos grupos que se veem representados como indígenas e que lutam por melhorias a cada dia.

Isso significar dizer que o indígena atual e os vários grupos existentes hoje no Brasil possuem história, cultura, participa ativamente do processo político e das decisões importantes. São sujeitos conscientes de sua própria trajetória, essa ideia é importante para desfazer uma serie de argumentos em que o índio não passa de um individuo sem roupa, parado no tempo e em florestas.

*Professora na Universidade da Amazônia (Unama) e doutoranda na Universidade Federal do Pará, desenvolve pesquisa sobre os índios na Amazônia Colonial.

**Faço essa pequena nota para justificar o anacronismo para os leitores mais especializados sobre historiografia. Utilizo a ideia de Brasil por questões didáticas para o leitor não especializado e para o público mais amplo. 

domingo, 24 de abril de 2016

Museu do Marajó uma experiência única.

Através de uma visita técnica no dia 17 de outubro de 2014 tive a oportunidade de conhecer o Museu do Marajó, localizado no município de Cachoeira do Arari a 72 km de Salvaterra. Fundado em 1972 pelo padre italiano naturalizado brasileiro Giovanni Gallo.


Foto: Org. por: MESQUITA, M.P. (2014)

O Padre Giovanni organizou o acervo em várias seções. A organização tenta mostrar um pouco da cultura da Ilha de Marajó como um todo. Boa parte do acervo é composto de material arqueológico encontrado pelo Padre nas terras marajoaras. Também encontramos material relacionado a cultura medicinal, a crendices do povo, animais típicos da região, religiosidade e dentre outros. Enfim o museu é rico em informações históricas e culturais e o mais legal é que os assuntos são esclarecidos aos visitantes em forma de perguntas e respostas, esta maneira de apresentar o museu dar a ele uma aparência excêntrica.



Foto: Org. por: MESQUITA, M.P. (2014)


Conforme explorava o local surgiam mais acervos e acervos, e minha curiosidade só aumentava. Notei que o local se “movimenta” conforme os visitantes, pois cada pessoa ali presente  interage com o museu obedecendo os comandos das perguntas e respostas. Consequentemente através dessa dinâmica você se torna parte do acervo, a intenção é prender o visitante e aguçar o mais profundo de seus pensamentos. Está naquele local é não ver o tempo passar, e sim se permitir perde no tempo para assim se encontrar. 
O museu possui uma grande potencialidade histórica e cultural, e seus bens matérias e imatérias contidos no local é de grande valor antropológico. Portanto essas valiosas informações contribuem para a formação da identidade do povo marajoara, pois as memórias que resgatamos nos patrimônios influência em sentimentos, e essas emoções por vezes nós faz refletir e resgatar as nossas origens. Afinal para entender o hoje é necessário analisar e compreender o passado. Conhecer mais sobre a nossa historia é continuar  na construção da nossa identidade. Por isso conhecer o museu do Marajó foi uma experiência única, um resgate da identidade. E no meu ponto de vista foi um dos museus que mais marcou em minhas memórias, talvez pelo fato do mesmo ser original e também pelo o motivo do museu causar diversas emoções e gerar inquietudes em meus pensamentos. Vale apena visita-lo.
Porém devo avisá-los que infelizmente a situação desse patrimônio não é das melhores, por exemplo; a estrutura física do mesmo não ajuda na conservação do acervo. O local onde encontra-se o museu pertencia a um antigo galpão onde funcionava uma fabrica de óleo, e pelo o que notei nada foi feito na estrutura para compor um museu. Acredito que este problema e outros mais possa está relacionado a falta de verba, de pessoal qualificado para atuar no local, falta de interesse público e de incentivos. Assim sendo devidos a sérios problemas o museu corre o risco de fechar. Enfim, não perca tempo e conheça já este lugar incrível.
Então que ser uma peça viva de um museu? tá afim de uma viagem no tempo?  Se a resposta for sim é só conhecer este inusitado museu.

                 
                                                 
                                                                        Foto: Org. por: MESQUITA, M.P. (2014)

Foto: Org. por: SOARES, B.S. (2014)


Foto: Org. por: SOARES, B.S. (2014)

              
                Foto: Org. por: SOARES, B.S. (2014)

                                                
             
              Foto: Org. por: SOARES, B.S. (2014)




domingo, 10 de abril de 2016

Arqueologia e Turismo na Amazônia


A arqueologia apresenta um papel fundamental para conhecermos a história das civilizações passadas por meio de objetos antigos encontrados em determinados lugares, pinturas nas paredes e entre outros. Sendo que, os vestígios arqueológicos são encontrados em vários lugares, no caso, da Amazônia despertam curiosidade tanto dos profissionais da área como dos leigos. Os materiais encontrados pelos arqueólogos, no século XIX e início do século XX se destinava a salvaguarda dos mesmos, no qual eram direcionados para os museus.
Todavia, no final da década de 1980 se inicia um período de valorização da visita aos sítios arqueológicos. E a mídia e o movimento de valorização da natureza pela sua estética colaboram para a divulgação do mesmo, motivando a inserção da atividade de ecoturismo, acompanhando ações relacionadas à conservação ambiental. Isso permitiu que o público não especializado – no qual se inclui também o infantil, conheça como trabalha o arqueólogo e tenha acesso às novas informações sobre a pré-história do país.
Contudo, o turismo é uma atividade econômica, que possui vários seguimentos com potencial também provindas da natureza e da cultura, dando a elas a possibilidade de serem oferecidas a consumidores que não desejam comprá-las, mas passar pela experiência de conhecer o outro e o lugar. Sendo assim, os bens arqueológicos passam ser também uma atração turística, com a possibilidade de visualização ou manipulação dos objetos, a importância na história local e nacional, a beleza plástica da arte e dos objetos, além das construções e monumentos antigos. O turismo, pode vim se tornar um grande colaborador para conservação do patrimônio arqueológico, se empregado de forma adequada por uma equipe gestora capacitada para isso, junto também a comunidade próxima aos sítios arqueológicos gerando benefícios econômicos, a não depredação e controle de visitantes nos sítios, contribuindo para a consciência de preservação do patrimônio arqueológico.
  Porém, existem leigos que incrementa o mercado ilícito de compra e venda de peças arqueológicas. Acrescente-se a isso a divulgação prematura de sítios sem que tenham sido feitos os estudos necessários ou onde não se tenha incrementado uma infraestrutura que permita sua visitação pública sem riscos ao sítio e ao próprio visitante.
A divulgação da existência de sítios arqueológicos na Amazônia, em particular no Pará, tem sido feita por agências de turismo, mas também pelo próprio governo do estado que veem o sitio como atrativo, porém falham em não verificarem se há uma equipe pesquisadora ou gestora contribuindo para o local se o mesmo é protegido e se está propicio a um número significativo de visitantes. Há considerações a serem feitas, antes da divulgação de um sitio arqueológico para posteriores visitas.
No Pará, algumas regiões passaram a ser incluídas em roteiros turísticos em função principalmente da existência de sítios arqueológicos. Como o município de Monte Alegre, a Serra das Andorinhas (localizada no município de São Geraldo do Araguaia) e a Ilha do Marajó – nas quais os sítios arqueológicos constituem um dos principais atrativos turísticos divulgados por agências especializadas.
O município de Monte Alegre, localizado no baixo Amazonas, tem como principal atrativo turístico pinturas rupestres localizadas num conjunto de três serras situadas a cerca de 40 km a oeste da sede municipal. As pinturas rupestres dessas serras são conhecidas e visitadas há muito tempo sendo que alguns dos seus visitantes não hesitaram em deixar registrada na rocha a sua passagem. A partir de 1999, as empresas de turismo passaram incluir em seus roteiros os sítios arqueológicos do lugar.
 Pois, verifica-se a princípio a não conscientização com o sitio arqueológico, a falta de guias capacitados para o acompanhamento de visitantes pelo lugar, como uma tentativa de evitar danos maiores ao sitio arqueológico. Entretanto, em 2001 foi criado o Parque Estadual de Monte Alegre e com ele renasceu a esperança de uma real proteção ao patrimônio arqueológico da região. No entanto, decorridos quatro anos de sua criação, o Parque ainda não dispõe de um plano de manejo.
A Serra das Andorinhas, traz também preocupação relacionada a preservação ao sitio arqueológico, a serra é localizada no município de São Geraldo do Araguaia, no sudeste do Pará, alguns sítios constituem-se em abrigos com pinturas rupestres. E os mesmos tem sido prejudicado pela ação de visitantes desinformados sobre a importância do patrimônio arqueológico, como a retirada de materiais do lugar por colecionadores, as divulgações das agências de turismo gerando grande fluxo de visitantes e outro fator é a ação da natureza, como a chuva e as cheias dos rios.
A área da Serra das Andorinhas está localizada em duas unidades de conservação: o Parque Estadual da Serra dos Martírios/Andorinhas, criado em 1996 e a Área de Proteção Ambiental São Geraldo do Araguaia, criada em 1996, ambos ainda sem plano de manejo. Fator importante que precisa ser considerado, para que danos irreversíveis possam ser evitados mobilizando a gestão local e os próprios moradores para a contribuição da preservação do patrimônio arqueológico e não apenas estes, mas também conscientizar o próprio visitante, de maneira, evitar danos ao espaço.
Para tanto, a Ilha do Marajó é outro lugar que apresenta sítios arqueológicos, porém sofreu vários fatores como saqueamentos nos sítios durante o século XX, retiradas de peças de cerâmicas sem nenhuma preocupação em registrar ou informar ao órgão competente, assim como o tráfico de peças arqueológicas em outras áreas do rio Anajás.
Apesar desse fator preocupante, a ilha se tornou atração turística muito divulgada pelas agências de turismo, no qual, alguns hotéis fazenda apresentam como um dos atrativos a visitação em sítios arqueológicos, onde o turista pode levar de lembrança alguns fragmentos de cerâmica pré-histórica. No entanto, da mesma forma que em Monte Alegre e na Serra das Andorinhas, no Marajó não há qualquer tipo de controle, seja por parte dos operadores seja por parte do poder público, sobre a quantidade e o tipo de visitação desses sítios.

PROBLEMAS DECORRENTES DA VISITAÇÃO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS

As situações mais preocupantes ligadas à visitação dos sítios arqueológicos e à relação entre a atividade turística e a arqueologia, geralmente estão ligadas à ausência da pesquisa e da intervenção e planejamento. São elas:
- Ausência de pesquisa arqueológica nos sítios, que implica na falta de informações sobre o local visitado e seus antigos habitantes;
- Ausência de plano de manejo da área onde os sítios estão inseridos;
- Ausência de estruturas que facilitem o percurso no sítio proporcionando segurança ao visitante e a proteção aos sítios;
- Ausência de supervisão para visitação das áreas;
- As informações sobre os sítios - sua origem, as características do material arqueológico, quem eram e quando viveram os índios que habitaram aquele local - são repassadas ao visitante a partir da interpretação dos próprios guias, sem amparo científico;
- Retirada, pelos visitantes, de objetos do sitio arqueológico para compor acervos particulares, como souvenir ou registro da viagem que realizou;
- Atos de vandalismo, como pichações e inscrições realizadas pelos visitantes para registrar sua passagem pelo local.
- Exagerado fluxo de visitantes ameaçando sítios com alta fragilidade.

SUGESTÕES DE AÇÕES PARA A EXPLORAÇÃO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS PARA O TURISMO

1) A definição, a partir de pesquisas, de áreas que podem ser reveladas ao público e áreas que não podem receber visitação é um segundo momento. Um pré-zoneamento do sítio em função das variáveis ambientais que são encontradas na área, das ameaças que podem vir do próprio ambiente e de ações antrópicas de outra ordem e da própria possibilidade de visitação. Sinalização do sítio e do seu entorno, de acordo com as potencialidades e fragilidades da área do sítio;
2) A musealização e turistificação de zonas próximas ao sítio ou no próprio sítio são alternativas para diminuir o fluxo no próprio sitio ou em suas áreas mais frágeis. Isso pode ocorrer na preparação de áreas completamente artificiais, que ajudem na educação e diminuam a pressão sobre o sítio.
3) Criação de documentos informativos sobre os resultados das pesquisas relativas ao (s) sítio(s) e a importância daquele local para a pré-história da região. Quanto mais informações o visitante tiver sobre o local maior as possibilidades dele compreender a importância de preservá-lo.
4) Capacitação de guias especializados para que sejam repassadas de forma correta as informações sobre o local visitado.
5) O envolvimento das populações próximas aos sítios arqueológicos é imprescindível em, pelo menos, dois momentos: durante a pesquisa arqueológica e, posteriormente, quando do uso turístico dos sítios. No primeiro momento, é importante levar ao conhecimento dessas comunidades o trabalho que está sendo realizado e sua importância. Esse processo deve ser feito através de um conjunto de ações de educação patrimonial que permitam sensibilizar as comunidades sobre a importância de conhecer o passado e a necessidade preservar o patrimônio arqueológico; se os sítios estudados forem expostos à visitação turística, as comunidades também deverão participar fazendo parte nas decisões e colaborando com elas. Dessa forma, as comunidades desenvolvem o sentimento de pertencimento para com o patrimônio que as rodeia, transformando-se nos seus principais guardiãs. A relação entre pesquisa arqueológica, turismo/visitação e população local é o tripé onde deve ser firmar as metodologias de planejamento de áreas com sítios arqueológicos.

O planejamento do turismo em sítios arqueológicos pode ser empregado e bem desenvolvido como atividade de visitação, porém havendo um corpo gestor e profissionais capazes de articular mecanismos que evitem a depredação do lugar, e de fato as pessoas tenham o interesse em conhecer os vestígios deixados pela civilização passada, de modo, terem uma experiência única, no caso, dos três lugares citados acima não apresentam um turismo planejado e uma ação pública forte para com a proteção dos sítios arqueológicos. É importante perceber o quanto essa atividade pode trazer benefícios, não só na formação das pessoas que visitam um sítio, quando se explica a origem do lugar e de seus habitantes, mas também no aspecto pedagógico, na passagem de informações e preceitos sobre o respeito ao patrimônio e o respeito à diferença.


PEREIRA, Edithe; FIGUEIREDO, Silvio, Lima. Arqueologia e turismo na Amazônia: Problemas e perspectivas. Cadernos do LEPAARQ – Textos de Antropologia, Arqueologia e Patrimônio. V. II, nº 3 Pelotas, RS: Ed: UFPEL, 2005.  

sábado, 2 de abril de 2016

Um passeio histórico pela Praça da República

Fonte: http://portalmatsunaga.xpg.uol.com.br/InicioXX.
        
            De um imenso terreno descampado, para o Largo da Pólvora no século XVIII, local que continha uma Forca, houve um Cemitério de escravos e pobres, até o início da construção e inauguração do Theatro da Paz que foi de 1869 até 1878, originalmente chamado de Theatro Nossa Senhora da Paz, local onde foi construída a Praça da República que resultou em mudanças estruturais no local, tornando-a num importante espaço paisagístico e livre público da cidade de Belém desde o século XIX, com isso a existência de um cemitério, um depósito de armamentos e uma forca não condiziam mais com o espaço e foram retirados.

            Em função da Bellé Époque na Europa, Belém importou um resquício dela que refletiu na mudança de comportamento e mentalidade de uma parte da população depois da segunda metade do século XIX até o início do século XX. Em função da extração da borracha na Amazônia no século XIX e com o advento da II Revolução Industrial na Europa - uma revolução automobilística – é marcada com a produção em série de carros que necessitava de um material resistente que ia compor parte da roda dos automóveis, e foi descoberto na Amazônia o Látex, produto que passou a ser explorado intensivamente para suprir a necessidade do mercado consumidor internacional. Em resultado, houve o crescimento na economia da cidade e de parte população que incorporaram em sua cultura, os costumes, roupas, acessórios, objetos parisienses da época.

            Neste contexto de crescimento econômico e de mudanças na cidade, o Intendente (que hoje seria o Prefeito) Antônio José de Lemos ou mais conhecido como Antônio Lemos proporcionou mudanças significativas no local, como a instalação de pavilhões, monumento da república, chafarizes, implantação de um calçamento e o plantio significativo de árvores visando o embelezamento e bem estar social, para atender a elite local. Mudanças que refletiram o desenvolvimento e urbanização da cidade, uma marca desse crescimento e da administração lemista. Após a reforma lemista, ocorreram outras mudanças até chegar à configuração atual da Praça da República.

            Hoje, a Praça da República é um importante local da cidade de Belém, ponto turístico que merece ser visitado. Localizado no bairro da Campina, próximo ao centro comercial e financeiro da cidade e de fácil acesso aos visitantes. Espaço bastante frequentado nos finais de semana, onde, famílias visitam a praça e aproveita o que pode lhe oferecer de entretenimento, um local que concentra movimentos culturais e sociais. A venda de artesanato e souvenir da nossa terra pode ser encontrada neste espaço, encontros entre amigos e famílias pode ser uma ótima opção na praça.

Um breve passeio pela história e conjuntura da Praça da República, um dos locais mais importantes e um dos cartões postais da Cidade das Mangueiras, Belém do Pará.

Fonte: http://www.belem.pa.br-guia.com/fotos/

Fonte: https://eventmaster.com.br/event/connad2/site/content/praca-da-republica

Fonte: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=1492482

Fonte: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=1524073&page=3

  Fonte:http://www.panoramio.com/photo/8531340

Referência Bibliográfica:
MACEDO, Jackeline de; ANDRADE, V. Rubens. A PRAÇA DA REPÚBLICA: PROPOSTA DE UMA PESQUISA ARQUEOLÓGICA NA PAISAGEM URBANA DA CIDADE DE BELÉM/PA.

quinta-feira, 31 de março de 2016

Curiua-Catu "A Grande Expedição de Pedro Teixeira" - Completo

O breve docudrama reproduz o roteiro do ilustre bandeirante português Pedro Teixeira que demarcou o rio Amazonas no século XVII e contribui para a formação do nosso fantástico imaginário caboclo.(Destaque para os depoimentos sobre o Boto e a Iara)







sábado, 12 de março de 2016

A aculturação no carimbó

        Quando feita a leitura do texto " O conceito antropológico da cultura" do autor José Lisboa Moreira de Oliveira, podemos perceber que o termo cultura é vasto, e a discussão é complexa pois são vários aspectos de uma determinada sociedade, para se originar a sua própria cultura e essa mesma cultura se reinventa ao passar do tempo, e que nenhuma sociedade vive sem cultura.
         Depois dessa explanação, o que chama mais atenção é que a cultura tem vários processos. E a qual vamos focar é a aculturação, mas com um grande exemplo da nossa cultura local, mais conhecida como: carimbó, um ritmo singular da cultura paraense. Algo que podemos chamar de imaterial, mas porque não dizer material? Pois o a emoção que sentimos em nossos corações, aquele acorde que entra em nosso corpo, o batuque do curimbó dando aquela vontade de dançar, e algo inexplicável. Mas esse assunto é para outro momento.
         Para enterdemos melhor o que é aculturação, basicamente é "que consiste em um processo de inter relações ou contatos entre grupos e culturas diferentes" ( Marconi, Presottop). Foi o que aconteceu com o nosso carimbó, foram três culturas que viveram em um território comum e com a mistura de seus ritmos deu- se origem a uma nova cultura. O ritmo teve influencias indígenas, africanas e portuguesa. A dança do carimbo inicialmente criada pela tribo tupinambá, era uma representação monótono, quando os escravos africanos tiveram contato com a dança trouxeram algo mais vibrante, do batuque africano deixando o ritmo mais contagiante, e a influencia portuguesa foi através das expressões corporais do folclore português, como por exemplo, as palmas e estalar dos dedos. Depois de algum tempo, precisamente na década de 60, 70 com a origem das guitarradas eletrônicas, o carimbó teve a introdução de novos instrumentos, que tiveram grandes influencias do merengue e cúmbia.
          Então que podemos perceber é que a cultura não é algo estático, ela esta sempre se renovando e dando origem a uma nova cultura. O carimbó se iniciou com os índios até chegar no que ouvimos atualmente, que foi a junção do carimbo com a guitarrada. E não podemos pensar que o carimbo já tem a sua forma final pois não sabemos o que vem daqui alguns anos. A cultura é algo que se recicla e muda.
Fonte: Google Imagens
 
Fonte: Quadro óleo sobre tela- A.amorim

quarta-feira, 9 de março de 2016

Patrimônio Histórico: por mais questionamentos

            Na rápida e breve leitura introdutória de Françoise Choay, a Alegoria do Patrimônio, é levantada uma questão que ultrapassa a pagina do texto até alcançar nosso entendimento de patrimônio histórico, que remexe nossa própria existência no que diz respeito ao que entendemos e ao que classificamos como tal e, além disso, como o patrimônio histórico passa a ser entendido como patrimônio histórico.  
                 Em uma sociedade extremamente móvel, disseminada pelas informações das mais diversas mídias, determinados conceitos nos parecem óbvios, não precisam de muitas perguntas para respondê-lo ou mais ainda, saber de onde veio ou como surgiu. É a sociedade das “coisas prontas”, tudo é da forma que é e tudo nos parece muito simples e dispensa interrogações.  
               É exatamente para essa sociedade das “coisas prontas” que Françoise Choay quer nos alertar a questionar e perguntar sobre o que nos parece pronto, divulgado pela mídia como algo que já existe por si só. Choay quer nos atentar para as construções que nos parecem obvias, entretanto, toda construção, como a própria palavra sugere, um dia não foi logica para a sociedade, foi necessário cria-la.
            A palavra patrimônio se remete a algo que é transmitido, como uma herança de pais para filhos. A preservação, a busca pela resguarda pelo patrimônio se inicia com a Revolução Francesa, momento em que o termo passa a ser citado. Em 1837, é criada a primeira Comissão dos Monumentos Históricos, que passou a escolher os grandes prédios e castelos históricos que lembravam a Idade Média.
            Percebemos então que, a palavra patrimônio não surgiu de uma hora para outra, foi preciso um contexto, uma demanda para que ganhasse significado e fizesse sentido em meio à sociedade. Nesse sentido, somos remetidos ao monumento histórico. O que é um monumento histórico? Qual a sua função na sociedade? Restringe-se somente a ideia de um grande prédio antigo que relembra o passado?
           Certamente, não. O monumento possui a função de relembrar como o nome sugere. Derivado do latim monumentum, vindo de monere, significa lembrar, advertir, de trazer algo a nossa lembrança e nos alertar que precisamos lembrar-nos de algo, lembrar para que não se esqueça. Se o monumento é responsável pelo ato de nos fazer lembrar, como a lembrança é selecionada? Como nos lembramos de determinadas coisas e outras não?
          A lembrança é selecionada em meio à imensidão da memória, que é escolhida e recortada para que nos lembremos de algo que está no passado. Podemos citar o exemplo do memorial cela “cinzeiro” que se encontra no São José Liberto, em meio à imensa memória que o espaço possui, foi escolhida a pequena cela para que se lembre do período em que o espaço serviu como cadeia publica e presídio, ou seja, a função da cela é nos lembrar dos tempos de cárcere e de seus ocorridos. Logo, o monumento é facilmente selecionado e recortado de acordo com o que se deseja lembrar.
           A ideia de monumento histórico só passou a integrar os dicionários da França por volta da segunda metade do século XIX, o que prova a sua construção e a demora em que o conceito se torna familiar, se torna obvio. São questionamentos como esses que levam Choay a afirmar que o patrimônio é uma alegoria, ou seja, um conceito diverso e que pode possuir diversos entendimentos ao longo da história.
       Esse é um breve comentário a respeito de patrimônio e monumento histórico, que tal aprofundar a leitura e criar novos debates e ampliar os conhecimentos sobre o assunto? Por mais questionamentos? Fica a dica para a leitura do livro A Alegoria do Patrimônio da autora francesa Françoise Choay.
             
             Até a próxima!