sábado, 23 de janeiro de 2016

Percorrendo Belém: São José Liberto

A cidade de Belém possui um vasto patrimônio material arquitetônico, que representam diversos contextos históricos do passado e que por meio deles, é possível compreender a história da cidade. Dessa forma, iremos conhecer, de forma breve, um pouco da história do que hoje conhecemos como São José Liberto, que nele está inserido o Museu de Gemas e a Casa do Artesão.

Para entender o Museu de Gemas, é importante saber que o local ainda é conhecido como São José. Possui diversas camadas históricas, com diversos contextos e funções ao longo do tempo. Para ser o que é hoje, o espaço passou por diversas etapas em um longo processo de mudanças, não apenas na sua utilização, mas nas construções de significados que recebeu.

Com o falecimento do 13° Capitão-Mor em 15 de maio de 1697, foi deixado um testamento para os frades da Piedade com os seus bens. Entre eles, um terreno que estava construída uma ermida (capela pequena situada em local afastado da cidade). Com a posse dos frades sobre a terra em 1749, se inicia a construção do convento, sua função inicial até a expulsão dos religiosos de Belém.

Em 1758 os frades foram expulsos e o convento passou à administração do governo. Passou a ser deposito de pólvora, depois um quartel que abrigou um exercito de pedestres, que podemos entender como uma guarda de patrulha. Posteriormente um esquadrão da cavalaria. Também funcionou como olaria, que forneceu material para as construções da época. É possível visualizar o local do antigo forno dentro do Museu de Gemas, porém não existe nada comprovado de que o que se chama de antigo forno, realmente seja o mesmo enquanto o espaço funcionou como olaria.

Em 1835, durante a Cabanagem, o São José foi utilizado como hospital em razão da epidemia de varíola que ocorria em Belém. Foi somente em 1843 que se deu inicio a função mais duradoura, começava os primeiros contornos de cadeia publica e em 1943 de presidio que durou até 1998 com uma grande rebelião dos detentos.

Durante 128 anos, o São José funcionou como cadeia pública com a função de abrigar os que cometiam crimes. Foi o período mais turbulento, com grandes crises carcerárias e rebeliões que faziam parte do cotidiano da sociedade, principalmente ao longo dos anos de 1990. Terminado dessa forma com um grande motim em 1998. Com a desativação do presidio, foi iniciada a nova e atual fase do prédio, o Polo Joalheiro que se tornou uma grande referencia cultural, turística e econômica, por ser uma grande casa de vendas de joias artesanais do Estado do Pará.

Entretanto, ainda é possível identificar rastros do período enquanto presídio, como as salas hoje ocupadas para venda, em que as grades lembram as celas. A mais significativa é a cela cinzeiro, um pequeno espaço que foi utilizado entre os anos de 1950 e 1970 para isolamento dos presos.

Com um breve histórico, está aberto o convite para conhecer mais sobre o Espaço São José Liberto e a história da cidade de Belém.

Referências:
Histórico do Espaço São José Liberto. Disponível em:
<http://espacosaojoseliberto.blogspot.com.br/> Acessado em 21 de janeiro de 2016. 


COELHO, Alan Watrin. São José Liberto, Joias e Artesanato do Pará. Pesquisa histórica acerca do Presídio São José. Belém. 2002

Fotos: arquivo pessoal


Espaço São José Liberto
Jardim da liberdade: local de tensão durante os anos de presídio e que hoje faz referencia  a beleza do espaço. 

Cela "cinzeiro" guarda objetos utilizados para punição e a foto do assaltante de bancos José Augusto Viana David que marcou a ultima rebelião no Presidio. 

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