A cidade de Belém possui um
vasto patrimônio material arquitetônico, que representam diversos contextos
históricos do passado e que por meio deles, é possível compreender a história
da cidade. Dessa forma, iremos conhecer, de forma breve, um pouco da história
do que hoje conhecemos como São José Liberto, que nele está inserido o Museu de
Gemas e a Casa do Artesão.
Para entender o Museu de
Gemas, é importante saber que o local ainda é conhecido como São José. Possui
diversas camadas históricas, com diversos contextos e funções ao longo do
tempo. Para ser o que é hoje, o espaço passou por diversas etapas em um longo
processo de mudanças, não apenas na sua utilização, mas nas construções de
significados que recebeu.
Com o falecimento do 13°
Capitão-Mor em 15 de maio de 1697, foi deixado um testamento para os frades da
Piedade com os seus bens. Entre eles, um terreno que estava construída uma
ermida (capela pequena situada em local afastado da cidade). Com a posse dos frades
sobre a terra em 1749, se inicia a construção do convento, sua função inicial
até a expulsão dos religiosos de Belém.
Em 1758 os frades foram
expulsos e o convento passou à administração do governo. Passou a ser deposito
de pólvora, depois um quartel que abrigou um exercito de pedestres, que podemos
entender como uma guarda de patrulha. Posteriormente um esquadrão da cavalaria.
Também funcionou como olaria, que forneceu material para as construções da
época. É possível visualizar o local do antigo forno dentro do Museu de Gemas,
porém não existe nada comprovado de que o que se chama de antigo forno,
realmente seja o mesmo enquanto o espaço funcionou como olaria.
Em 1835, durante a
Cabanagem, o São José foi utilizado como hospital em razão da epidemia de varíola
que ocorria em Belém. Foi somente em 1843 que se deu inicio a função mais
duradoura, começava os primeiros contornos de cadeia publica e em 1943 de
presidio que durou até 1998 com uma grande rebelião dos detentos.
Durante 128 anos, o São José
funcionou como cadeia pública com a função de abrigar os que cometiam crimes.
Foi o período mais turbulento, com grandes crises carcerárias e rebeliões que
faziam parte do cotidiano da sociedade, principalmente ao longo dos anos de
1990. Terminado dessa forma com um grande motim em 1998. Com a desativação do
presidio, foi iniciada a nova e atual fase do prédio, o Polo Joalheiro que se
tornou uma grande referencia cultural, turística e econômica, por ser uma
grande casa de vendas de joias artesanais do Estado do Pará.
Entretanto, ainda é possível
identificar rastros do período enquanto presídio, como as salas hoje ocupadas
para venda, em que as grades lembram as celas. A mais significativa é a cela
cinzeiro, um pequeno espaço que foi utilizado entre os anos de 1950 e 1970 para
isolamento dos presos.
Com um breve histórico, está
aberto o convite para conhecer mais sobre o Espaço São José Liberto e a
história da cidade de Belém.
Referências:
Histórico do Espaço São José
Liberto. Disponível em:
COELHO, Alan Watrin. São
José Liberto, Joias e Artesanato do Pará. Pesquisa histórica acerca do Presídio
São José. Belém. 2002
Fotos: arquivo pessoal
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Espaço São José Liberto |
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Jardim da liberdade: local de tensão durante os anos de presídio e que hoje faz referencia a beleza do espaço. |
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Cela "cinzeiro" guarda objetos utilizados para punição e a foto do assaltante de bancos José Augusto Viana David que marcou a ultima rebelião no Presidio. |