domingo, 24 de abril de 2016

Museu do Marajó uma experiência única.

Através de uma visita técnica no dia 17 de outubro de 2014 tive a oportunidade de conhecer o Museu do Marajó, localizado no município de Cachoeira do Arari a 72 km de Salvaterra. Fundado em 1972 pelo padre italiano naturalizado brasileiro Giovanni Gallo.


Foto: Org. por: MESQUITA, M.P. (2014)

O Padre Giovanni organizou o acervo em várias seções. A organização tenta mostrar um pouco da cultura da Ilha de Marajó como um todo. Boa parte do acervo é composto de material arqueológico encontrado pelo Padre nas terras marajoaras. Também encontramos material relacionado a cultura medicinal, a crendices do povo, animais típicos da região, religiosidade e dentre outros. Enfim o museu é rico em informações históricas e culturais e o mais legal é que os assuntos são esclarecidos aos visitantes em forma de perguntas e respostas, esta maneira de apresentar o museu dar a ele uma aparência excêntrica.



Foto: Org. por: MESQUITA, M.P. (2014)


Conforme explorava o local surgiam mais acervos e acervos, e minha curiosidade só aumentava. Notei que o local se “movimenta” conforme os visitantes, pois cada pessoa ali presente  interage com o museu obedecendo os comandos das perguntas e respostas. Consequentemente através dessa dinâmica você se torna parte do acervo, a intenção é prender o visitante e aguçar o mais profundo de seus pensamentos. Está naquele local é não ver o tempo passar, e sim se permitir perde no tempo para assim se encontrar. 
O museu possui uma grande potencialidade histórica e cultural, e seus bens matérias e imatérias contidos no local é de grande valor antropológico. Portanto essas valiosas informações contribuem para a formação da identidade do povo marajoara, pois as memórias que resgatamos nos patrimônios influência em sentimentos, e essas emoções por vezes nós faz refletir e resgatar as nossas origens. Afinal para entender o hoje é necessário analisar e compreender o passado. Conhecer mais sobre a nossa historia é continuar  na construção da nossa identidade. Por isso conhecer o museu do Marajó foi uma experiência única, um resgate da identidade. E no meu ponto de vista foi um dos museus que mais marcou em minhas memórias, talvez pelo fato do mesmo ser original e também pelo o motivo do museu causar diversas emoções e gerar inquietudes em meus pensamentos. Vale apena visita-lo.
Porém devo avisá-los que infelizmente a situação desse patrimônio não é das melhores, por exemplo; a estrutura física do mesmo não ajuda na conservação do acervo. O local onde encontra-se o museu pertencia a um antigo galpão onde funcionava uma fabrica de óleo, e pelo o que notei nada foi feito na estrutura para compor um museu. Acredito que este problema e outros mais possa está relacionado a falta de verba, de pessoal qualificado para atuar no local, falta de interesse público e de incentivos. Assim sendo devidos a sérios problemas o museu corre o risco de fechar. Enfim, não perca tempo e conheça já este lugar incrível.
Então que ser uma peça viva de um museu? tá afim de uma viagem no tempo?  Se a resposta for sim é só conhecer este inusitado museu.

                 
                                                 
                                                                        Foto: Org. por: MESQUITA, M.P. (2014)

Foto: Org. por: SOARES, B.S. (2014)


Foto: Org. por: SOARES, B.S. (2014)

              
                Foto: Org. por: SOARES, B.S. (2014)

                                                
             
              Foto: Org. por: SOARES, B.S. (2014)




domingo, 10 de abril de 2016

Arqueologia e Turismo na Amazônia


A arqueologia apresenta um papel fundamental para conhecermos a história das civilizações passadas por meio de objetos antigos encontrados em determinados lugares, pinturas nas paredes e entre outros. Sendo que, os vestígios arqueológicos são encontrados em vários lugares, no caso, da Amazônia despertam curiosidade tanto dos profissionais da área como dos leigos. Os materiais encontrados pelos arqueólogos, no século XIX e início do século XX se destinava a salvaguarda dos mesmos, no qual eram direcionados para os museus.
Todavia, no final da década de 1980 se inicia um período de valorização da visita aos sítios arqueológicos. E a mídia e o movimento de valorização da natureza pela sua estética colaboram para a divulgação do mesmo, motivando a inserção da atividade de ecoturismo, acompanhando ações relacionadas à conservação ambiental. Isso permitiu que o público não especializado – no qual se inclui também o infantil, conheça como trabalha o arqueólogo e tenha acesso às novas informações sobre a pré-história do país.
Contudo, o turismo é uma atividade econômica, que possui vários seguimentos com potencial também provindas da natureza e da cultura, dando a elas a possibilidade de serem oferecidas a consumidores que não desejam comprá-las, mas passar pela experiência de conhecer o outro e o lugar. Sendo assim, os bens arqueológicos passam ser também uma atração turística, com a possibilidade de visualização ou manipulação dos objetos, a importância na história local e nacional, a beleza plástica da arte e dos objetos, além das construções e monumentos antigos. O turismo, pode vim se tornar um grande colaborador para conservação do patrimônio arqueológico, se empregado de forma adequada por uma equipe gestora capacitada para isso, junto também a comunidade próxima aos sítios arqueológicos gerando benefícios econômicos, a não depredação e controle de visitantes nos sítios, contribuindo para a consciência de preservação do patrimônio arqueológico.
  Porém, existem leigos que incrementa o mercado ilícito de compra e venda de peças arqueológicas. Acrescente-se a isso a divulgação prematura de sítios sem que tenham sido feitos os estudos necessários ou onde não se tenha incrementado uma infraestrutura que permita sua visitação pública sem riscos ao sítio e ao próprio visitante.
A divulgação da existência de sítios arqueológicos na Amazônia, em particular no Pará, tem sido feita por agências de turismo, mas também pelo próprio governo do estado que veem o sitio como atrativo, porém falham em não verificarem se há uma equipe pesquisadora ou gestora contribuindo para o local se o mesmo é protegido e se está propicio a um número significativo de visitantes. Há considerações a serem feitas, antes da divulgação de um sitio arqueológico para posteriores visitas.
No Pará, algumas regiões passaram a ser incluídas em roteiros turísticos em função principalmente da existência de sítios arqueológicos. Como o município de Monte Alegre, a Serra das Andorinhas (localizada no município de São Geraldo do Araguaia) e a Ilha do Marajó – nas quais os sítios arqueológicos constituem um dos principais atrativos turísticos divulgados por agências especializadas.
O município de Monte Alegre, localizado no baixo Amazonas, tem como principal atrativo turístico pinturas rupestres localizadas num conjunto de três serras situadas a cerca de 40 km a oeste da sede municipal. As pinturas rupestres dessas serras são conhecidas e visitadas há muito tempo sendo que alguns dos seus visitantes não hesitaram em deixar registrada na rocha a sua passagem. A partir de 1999, as empresas de turismo passaram incluir em seus roteiros os sítios arqueológicos do lugar.
 Pois, verifica-se a princípio a não conscientização com o sitio arqueológico, a falta de guias capacitados para o acompanhamento de visitantes pelo lugar, como uma tentativa de evitar danos maiores ao sitio arqueológico. Entretanto, em 2001 foi criado o Parque Estadual de Monte Alegre e com ele renasceu a esperança de uma real proteção ao patrimônio arqueológico da região. No entanto, decorridos quatro anos de sua criação, o Parque ainda não dispõe de um plano de manejo.
A Serra das Andorinhas, traz também preocupação relacionada a preservação ao sitio arqueológico, a serra é localizada no município de São Geraldo do Araguaia, no sudeste do Pará, alguns sítios constituem-se em abrigos com pinturas rupestres. E os mesmos tem sido prejudicado pela ação de visitantes desinformados sobre a importância do patrimônio arqueológico, como a retirada de materiais do lugar por colecionadores, as divulgações das agências de turismo gerando grande fluxo de visitantes e outro fator é a ação da natureza, como a chuva e as cheias dos rios.
A área da Serra das Andorinhas está localizada em duas unidades de conservação: o Parque Estadual da Serra dos Martírios/Andorinhas, criado em 1996 e a Área de Proteção Ambiental São Geraldo do Araguaia, criada em 1996, ambos ainda sem plano de manejo. Fator importante que precisa ser considerado, para que danos irreversíveis possam ser evitados mobilizando a gestão local e os próprios moradores para a contribuição da preservação do patrimônio arqueológico e não apenas estes, mas também conscientizar o próprio visitante, de maneira, evitar danos ao espaço.
Para tanto, a Ilha do Marajó é outro lugar que apresenta sítios arqueológicos, porém sofreu vários fatores como saqueamentos nos sítios durante o século XX, retiradas de peças de cerâmicas sem nenhuma preocupação em registrar ou informar ao órgão competente, assim como o tráfico de peças arqueológicas em outras áreas do rio Anajás.
Apesar desse fator preocupante, a ilha se tornou atração turística muito divulgada pelas agências de turismo, no qual, alguns hotéis fazenda apresentam como um dos atrativos a visitação em sítios arqueológicos, onde o turista pode levar de lembrança alguns fragmentos de cerâmica pré-histórica. No entanto, da mesma forma que em Monte Alegre e na Serra das Andorinhas, no Marajó não há qualquer tipo de controle, seja por parte dos operadores seja por parte do poder público, sobre a quantidade e o tipo de visitação desses sítios.

PROBLEMAS DECORRENTES DA VISITAÇÃO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS

As situações mais preocupantes ligadas à visitação dos sítios arqueológicos e à relação entre a atividade turística e a arqueologia, geralmente estão ligadas à ausência da pesquisa e da intervenção e planejamento. São elas:
- Ausência de pesquisa arqueológica nos sítios, que implica na falta de informações sobre o local visitado e seus antigos habitantes;
- Ausência de plano de manejo da área onde os sítios estão inseridos;
- Ausência de estruturas que facilitem o percurso no sítio proporcionando segurança ao visitante e a proteção aos sítios;
- Ausência de supervisão para visitação das áreas;
- As informações sobre os sítios - sua origem, as características do material arqueológico, quem eram e quando viveram os índios que habitaram aquele local - são repassadas ao visitante a partir da interpretação dos próprios guias, sem amparo científico;
- Retirada, pelos visitantes, de objetos do sitio arqueológico para compor acervos particulares, como souvenir ou registro da viagem que realizou;
- Atos de vandalismo, como pichações e inscrições realizadas pelos visitantes para registrar sua passagem pelo local.
- Exagerado fluxo de visitantes ameaçando sítios com alta fragilidade.

SUGESTÕES DE AÇÕES PARA A EXPLORAÇÃO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS PARA O TURISMO

1) A definição, a partir de pesquisas, de áreas que podem ser reveladas ao público e áreas que não podem receber visitação é um segundo momento. Um pré-zoneamento do sítio em função das variáveis ambientais que são encontradas na área, das ameaças que podem vir do próprio ambiente e de ações antrópicas de outra ordem e da própria possibilidade de visitação. Sinalização do sítio e do seu entorno, de acordo com as potencialidades e fragilidades da área do sítio;
2) A musealização e turistificação de zonas próximas ao sítio ou no próprio sítio são alternativas para diminuir o fluxo no próprio sitio ou em suas áreas mais frágeis. Isso pode ocorrer na preparação de áreas completamente artificiais, que ajudem na educação e diminuam a pressão sobre o sítio.
3) Criação de documentos informativos sobre os resultados das pesquisas relativas ao (s) sítio(s) e a importância daquele local para a pré-história da região. Quanto mais informações o visitante tiver sobre o local maior as possibilidades dele compreender a importância de preservá-lo.
4) Capacitação de guias especializados para que sejam repassadas de forma correta as informações sobre o local visitado.
5) O envolvimento das populações próximas aos sítios arqueológicos é imprescindível em, pelo menos, dois momentos: durante a pesquisa arqueológica e, posteriormente, quando do uso turístico dos sítios. No primeiro momento, é importante levar ao conhecimento dessas comunidades o trabalho que está sendo realizado e sua importância. Esse processo deve ser feito através de um conjunto de ações de educação patrimonial que permitam sensibilizar as comunidades sobre a importância de conhecer o passado e a necessidade preservar o patrimônio arqueológico; se os sítios estudados forem expostos à visitação turística, as comunidades também deverão participar fazendo parte nas decisões e colaborando com elas. Dessa forma, as comunidades desenvolvem o sentimento de pertencimento para com o patrimônio que as rodeia, transformando-se nos seus principais guardiãs. A relação entre pesquisa arqueológica, turismo/visitação e população local é o tripé onde deve ser firmar as metodologias de planejamento de áreas com sítios arqueológicos.

O planejamento do turismo em sítios arqueológicos pode ser empregado e bem desenvolvido como atividade de visitação, porém havendo um corpo gestor e profissionais capazes de articular mecanismos que evitem a depredação do lugar, e de fato as pessoas tenham o interesse em conhecer os vestígios deixados pela civilização passada, de modo, terem uma experiência única, no caso, dos três lugares citados acima não apresentam um turismo planejado e uma ação pública forte para com a proteção dos sítios arqueológicos. É importante perceber o quanto essa atividade pode trazer benefícios, não só na formação das pessoas que visitam um sítio, quando se explica a origem do lugar e de seus habitantes, mas também no aspecto pedagógico, na passagem de informações e preceitos sobre o respeito ao patrimônio e o respeito à diferença.


PEREIRA, Edithe; FIGUEIREDO, Silvio, Lima. Arqueologia e turismo na Amazônia: Problemas e perspectivas. Cadernos do LEPAARQ – Textos de Antropologia, Arqueologia e Patrimônio. V. II, nº 3 Pelotas, RS: Ed: UFPEL, 2005.  

sábado, 2 de abril de 2016

Um passeio histórico pela Praça da República

Fonte: http://portalmatsunaga.xpg.uol.com.br/InicioXX.
        
            De um imenso terreno descampado, para o Largo da Pólvora no século XVIII, local que continha uma Forca, houve um Cemitério de escravos e pobres, até o início da construção e inauguração do Theatro da Paz que foi de 1869 até 1878, originalmente chamado de Theatro Nossa Senhora da Paz, local onde foi construída a Praça da República que resultou em mudanças estruturais no local, tornando-a num importante espaço paisagístico e livre público da cidade de Belém desde o século XIX, com isso a existência de um cemitério, um depósito de armamentos e uma forca não condiziam mais com o espaço e foram retirados.

            Em função da Bellé Époque na Europa, Belém importou um resquício dela que refletiu na mudança de comportamento e mentalidade de uma parte da população depois da segunda metade do século XIX até o início do século XX. Em função da extração da borracha na Amazônia no século XIX e com o advento da II Revolução Industrial na Europa - uma revolução automobilística – é marcada com a produção em série de carros que necessitava de um material resistente que ia compor parte da roda dos automóveis, e foi descoberto na Amazônia o Látex, produto que passou a ser explorado intensivamente para suprir a necessidade do mercado consumidor internacional. Em resultado, houve o crescimento na economia da cidade e de parte população que incorporaram em sua cultura, os costumes, roupas, acessórios, objetos parisienses da época.

            Neste contexto de crescimento econômico e de mudanças na cidade, o Intendente (que hoje seria o Prefeito) Antônio José de Lemos ou mais conhecido como Antônio Lemos proporcionou mudanças significativas no local, como a instalação de pavilhões, monumento da república, chafarizes, implantação de um calçamento e o plantio significativo de árvores visando o embelezamento e bem estar social, para atender a elite local. Mudanças que refletiram o desenvolvimento e urbanização da cidade, uma marca desse crescimento e da administração lemista. Após a reforma lemista, ocorreram outras mudanças até chegar à configuração atual da Praça da República.

            Hoje, a Praça da República é um importante local da cidade de Belém, ponto turístico que merece ser visitado. Localizado no bairro da Campina, próximo ao centro comercial e financeiro da cidade e de fácil acesso aos visitantes. Espaço bastante frequentado nos finais de semana, onde, famílias visitam a praça e aproveita o que pode lhe oferecer de entretenimento, um local que concentra movimentos culturais e sociais. A venda de artesanato e souvenir da nossa terra pode ser encontrada neste espaço, encontros entre amigos e famílias pode ser uma ótima opção na praça.

Um breve passeio pela história e conjuntura da Praça da República, um dos locais mais importantes e um dos cartões postais da Cidade das Mangueiras, Belém do Pará.

Fonte: http://www.belem.pa.br-guia.com/fotos/

Fonte: https://eventmaster.com.br/event/connad2/site/content/praca-da-republica

Fonte: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=1492482

Fonte: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=1524073&page=3

  Fonte:http://www.panoramio.com/photo/8531340

Referência Bibliográfica:
MACEDO, Jackeline de; ANDRADE, V. Rubens. A PRAÇA DA REPÚBLICA: PROPOSTA DE UMA PESQUISA ARQUEOLÓGICA NA PAISAGEM URBANA DA CIDADE DE BELÉM/PA.